Carpe Diem é uma frase em latim de um poema de Horácio, e é popularmente traduzida para colha o dia ou aproveite o momento.Por isso aqui vou aproveitar o momento de inspiração e da falta dela também, para escrever tudo o que me der vontade. Tudo mesmo!




DOAR É UM ATO DE VIDA.
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segunda-feira, 19 de julho de 2010

VIDA REAL


Era uma terça feira, seis horas da tarde, um dia como outro qualquer. Eu estava indo para o hospital e, como faço isso diariamente há 3 meses, tenho procurado fazer caminhos diferentes pra que essa rotina fique menos entediante.

Nesse dia fiz um caminho que minha mãe não gosta pois passa na porta da Beneficência Portuguesa, onde meu pai ficou internado e faleceu. Mas eu penso diferente: sempre que passo por lá penso "que bom que meu pai não está mais aí sofrendo" (cada um se engana como quer e como pode!).

Bom, quando chegava na esquina da Rua Pedroso, vi de longe 2 homens que pareciam lutar ou brincar ou jogar capoeira. O lusco-fusco não me deixava ter certeza.

Chegando mais perto vi o que seria uma das cenas mais deprimentes que presenciei. Fiquei tão chocada que parei o carro para ter certeza do que estava vendo. E era aquilo mesmo: um policial espancando um homem, às 6 da tarde, na frente de um Pão de Açucar e várias pessoas olhando, como se assistissem um daqueles shows improvisados que se vê no centro da cidade, no fim dos quais passa-se um chapéu para arrecadar dinheiro.

Mas quando digo espancando não é modo de dizer não. Eram golpes como vemos em filmes, com direito a saltos acrobáticos, chutes no peito, rasteiras, enfim... tudo o que o policial tinha direito no seu show.

Depois que parei o carro, parecia que estava em estado catatônico. Não conseguia sair dali. Queria descer e pedir ao policial que parasse, pensei em filmar com o celular, pensei em gritar, buzinar, mas não mexia um músculo.

Então chegaram mais dois carros de polícia, alguns homens e uma mulher desceram, algemaram o agredido, de bruços no chão e, antes de colocá-lo na viatura, ainda ficarm olhando o agressor dar mais alguns chutes no coitado.

Saí dali e comecei a chorar no caminho até o hospital. Lembrei de quantas vezes vi notícias de policiais que espancaram bandidos e pensei "bem feito, assim aprendem!". Mas aquele homem ali na minha frente não fazia parte de um noticiário, eu nem mesmo sabia se tinha feito algo de errado. Na verdade, eu não sabia o que pensar. O que era certo? O que era errado? Ainda não sei...

Sei apenas que saí dali com uma certeza: a violência que se vê todos os dias na TV, nos jornais, nas conversas, não me deixou insensível, eu não me acostumei a ela. E isso me serviu de consolo.

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